Thursday, April 06, 2006

 

O Nosso Dia a Dia

Como está na moda ter rituais estranhos ao fazer coisas banais da vida, como conduzir – um exemplo disto está claramente na publicidade da Seat onde Ricardo Araújo Pereira apresenta o seu ritual antes de conduzir –, dormir, etc., nós, caçadores mundialmente conhecidos (deve ser noutro mundo à parte certamente), temos um ritual que se diferencia de todos os outros caçadores convencionais.

Começando pelo início – que não convém começar pelo fim ou finalizar pelo início –, ao sair das nossas casas (que parecem coviles de seres estranhos), pegamos na nossa arma, que vai pelas características e preferências de cada caçador, pois há aqueles que gostam de usar uma fisga para atirar uvas e outros pistolas raios laser, seguir para a selva cantarolando “Life’s is an abacate” de um autor anónimo. Ao chegar à selva, é importante olhar em redor no intuito de encontrar o local ideal para pousar o real traseiro e de lá tirá-lo só para o coçar de vez em quando ou, noutros casos, para que as pernas deixem de estar dormentes. Um caçador de abacates tem que estar atento aos barulhos da floresta… sabe-se lá quando é que um abacate selvagem se resolve a sair de trás de uma girafa e atacar com unhas e dentes (como se eles os tivessem…). Este processo pode levar horas! Muitos médicos advertem à pouca prática deste desporto porque pode provocar cancro nos olhos de tanto olhar e tão pouco ver, varizes precoces, de estar sentado à espera, coagulando o sangue nas pernas adormecidas, e, em casos mais graves, a paralisação motora completa, quando o caçador está tão atento que nem tem tempo de levantar o cu para o coçar. Aqueles desportistas mais sérios, como caso de nós, os caçadores de abacates profissionais, temos o costume de enquanto esperamos, comer uvas e, talvez seja por isso que muitos de nós temos o passatempo de invadir videiras. Ao invadir essas propriedades privadas, o primeiro a ver é se não há abacates desconfiados por perto que nos queiram atacar de surpresa… e este ponto é importante em qualquer circunstância… mesmo que esteja um símbolo à entrada a dizer “Proibida a entrada de abacates”. Durante a caçada é importante verificar se a arma está em condições de caçar. Desperdiçamos então em média 3 horas a desmontar e montar a nossa arma, dependendo da qualidade e tipo desta. No caso da fisga, só a podemos desmontar uma vez, por isso demora-se mais que 3 horas a procurar uma nova pela selva a fora… Depois de dias a fio, o caçador volta para casa, com um troféu ou uma “chiba” (expressão que se usa quando não se caça rigorosamente nada), que depois acaba por partilhar as suas experiências com os seus amigos, ou não…

Os rituais de um nobre caçador de abacates resume-se a isto, variando pouco entre cada um, mas pode-se desde já verificar que somos diferentes dos outros caçadores de esquina que dizem caçar animais de grande porte. Não há melhor anim… err.. vegetal que um bom abacate selvagem!

Ass: Dai_Kaio

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